quinta-feira, 11 de setembro de 2008

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por mais sinceras que sejam
as tuas (as minhas) palavras
mesmo que te mostres nua
verdadeira transparente e pura
eu te inventarei


te inventarei
dentro dos meus sonhos
mais loucos
por toda minha vida muda
a cada oscilação do meu humor
eu te inventarei

ainda que as mais brilhantes estrelas
desçam dancem cantem e me contem
os mais maravilhosos segredos do (teu) universo
eu te inventarei


te inventarei
a cada sofrido acordar sem cor
a cada alivío ao deitar sem dor
mesmo que não (me) queiras
mesmo que não (te) desejes
eu te inventarei

nas situações em que estiveres presente
nos tristes momentos de tua ausência
no silêncio estúpido de quem engole a dúvida
na falação inócua das discussões banais
eu te inventarei

inventar-te-ei
a cada ênclise nas próclises
em toda mesóclise que lhe dirigir
durante meu existir
eu te inventarei

pois a mentira
pode ser tão bela e necessária quanto
a Arte
aqui na terra
lua sol plutão ou marte
assim como
o homem fez com deus
eu te inventarei

e não o faço — nem nunca o farei — por mal
pois já és perfeito por si só
por mais interinstigante que seja(e é) tua realidade
com um pouco de egoísmo
forma de defesa pingo de vaidade
por todos os motivos
que não sei
eu te inventarei

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