sábado, 30 de agosto de 2008

Todo Dia


Todo dia morre um amor. Quase nunca percebemos, mas todos os dias morre um amor. Às vezes de forma lenta e gradativa, quase indolor, após anos e anos de rotina. Às vezes melodramaticamente, como nas piores novelas mexicanas, com direito a bate-bocas vexaminosos, capazes de acordar o mais surdo dos vizinhos. Morre em uma cama de motel ou em frente à televisão de domingo. Morre sem beijo antes de dormir, sem mãos dadas, sem olhares compreensivos, com gosto de lágrima nos lábios.Morre depois de telefonemas cada vez mais espaçados, cartas cada vez mais concisas, beijos que esfriam aos poucos. Morre da mais completa e letal inanição.Todo dia morre um amor. Às vezes com uma explosão, quase sempre com um suspiro. Todo dia morre um amor, embora nós, românticos mais na teoria que na prática, relutemos em admitir. Porque nada é mais dolorido do que a constatação de um fracasso. De saber que, mais uma vez, um amor morreu. Porque, por mais que não queiramos aprender, a vida sempre nos ensinaalguma coisa. E esta é a lição: amores morrem.Todos os dias um amor é assassinado. Com a adaga do tédio, a cicuta da indiferença, a forca do escárnio, a metralhadora da traição. A sacola de presentes devolvidos, os ponteiros tiquetaqueando no relógio, o silêncio insuportável depois de uma discussão: todo crime deixa evidências.Todos nós fomos assassinos um dia. Há aqueles que, como o Lee Harvey Oswald, se refugiam em salas de cinema vazias. Ou preferem se esconder debaixo da cama, ao lado do bicho papão. Outros confessam sua culpa em altos brados e fazem de pinico os ouvidos de infelizes garçons. Há aqueles que negam, veementemente, participação no crime e buscam por novas vítimas em salas de chat ou pistas de danceteria, sem dor ou remorso. Os mais periculosos aproveitam sua experiência de criminosos para escrever livros de auto-ajuda, com nomes paradoxais como "O Amor Inteligente" ou romances açucarados de banca de jornal, do tipo "A Paixão Tem Olhos Azuis", difundindo ao mundo ilusões fatais aos corações sem cicatrizes.Existem os amores que clamam por um tiro de misericórdia: corcéis feridos.Existem os amores-zumbis, aqueles que se recusam a admitir que morreram. São capazes de perdurar anos, mortos-vivos sobre a Terra teimando em resistir à base de camas separadas, beijos burocráticos, sexo sem tesão. Estes não querem ser sacrificados e, à semelhança dos zumbis hollywoodianos, também se alimentam de cérebros humanos e definharão até se tornarem laranjas chupadas.Existem os amores-vegetais, aqueles que vivem em permanente estado de letargia, comuns principalmente entre os amantes platônicos que recordarão até o fim de seus dias o sorriso daquela ruivinha da 4a. série ou entre fãs que até hoje suspiram em frente a um pôster do Elvis Presley (e pior, da fase havaiana). Mas titubeio em dizer que isso possa ser classificado como amor (Bah, isso não é amor. Amor vivido só do pescoço pra cima não é amor).Existem, por fim, os amores-fênix. Aqueles que, apesar da luta diária pela sobrevivência, dos preconceitos da sociedade, das contas a pagar, da paixão que escasseia com o decorrer dos anos, da mesa-redonda no final de domingo, das calcinhas penduradas no chuveiro, das toalhas molhadas sobre a cama e das brigas que não levam a nada, ressuscitam das cinzas a cada fim de dia e perduram: teimosos, belos, cegos e intensos. Mas estes são raríssimos e há quem duvide de sua existência. Alguns os chamam de amores-unicórnio, porque são de uma beleza tão pura e rara que jamais poderiam ter existido, a não ser como lendas. E é esse amor que eu quero viver com você

quarta-feira, 27 de agosto de 2008

sem amor.


Qualquer pessoa se sente mal amada,por que qualquer um é deficiente na sua propria capacidade de amar, incapacidade de identificação.

domingo, 24 de agosto de 2008


"Pode invadir
Ou chegar com delicadeza
Mas não tão devagar que me faça dormir
Não grite comigo, tenho o péssimo hábito de revidar
Acordo pela manhã com ótimo humor
Mas ... permita que eu escove os dentes primeiro
Toque muito em mim
Principalmente nos cabelos
E minta sobre minha nocauteante beleza
Tenho vida própria
Me faça sentir saudades
Conte algumas coisas que me façam rir
Viaje antes de me conhecer
Sofra antes de mim para reconhecer-me
Acredite nas verdades que digo
E também nas mentiras, elas serão raras e sempre por uma boa causa.
Respeite meu choro
Me deixe sozinha
Só volte quando eu chamar
E não me obedeça sempre que eu também gosto de ser contrariada
Então fique comigo quando eu chorar, combinado?Seja mais forte que eu e menos altruísta!
Não se vista tão bem...Gosto de camisa para fora da calça,
Gosto de braços
Gosto de pernas
E muito de pescoço.
Reverenciarei tudo em você que estiver a meu gosto: boca, cabelos, cheiros, olhos, mãos...Leia, escolha seus próprios livros, releia-os.Odeie a vida doméstica e os agitos noturnos.Seja um pouco caseiro e um pouco da vidaNão goste tanto de boate que isto é coisa de gente triste.Não seja escravo da televisão, nem xiita contra.
Nem escravo meu
Nem filho meu
Nem meu pai.
Escolha um papel para você que ainda não tenha sido preenchido e o invente muitas vezes.Me enlouqueça uma vez por mês
Mas me faça uma louca boa
Uma louca que ache graça em tudo que rime com louca: loba, boba, rouca, boca ...
Goste de música e de sexo
Goste de um esporte não muito banal
Não invente de querer muitos filhos
Me carregar pra a missa, apresentar sua família... isso a gente vê depois ... se calhar ...Deixa eu dirigir o seu carro, que você adora
Quero ver você nervoso,inquieto
Olhe para outras mulheres
Tenha amigos que se tornem meus amigos e digam muitas bobagens juntos.
Me conte seus segredos ...Me faça massagem nas costas.
Não fume,Beba,Chore
Eleja algumas contravenções.Me rapte!Se nada disso funcionar ...Experimente me amar!”
Marta Medeiros"

quarta-feira, 20 de agosto de 2008

é só olhar bem.



Verdadeiras janelas da Alma.
Espelhos que refletem, o que por hora, esconde-se em profundo e terno aconchego.
O que protege,
O que me protege.
O que fere.
Tudo guardo dentro daquele que me revela.
Daquele que brilha.
Daquele que não mente.
Que é parte.
Que é todo.
E não importa.
Por mais que tranque os fundos, as portas e as janelas estarão sempre abertas.


Para ver o sol nascer.

("preta preta pretinha....")


Perdiam-se meus olhos no infinito
À procura da vida à superfície
Atento, via-te a vaguear
Sozinha, descalça, na planície
Nesta planície onde outrora
Fomos felizes os dois
Fizemos um acordo simples
Seríamos um do outro
A tristeza viria depois
Naquela fresca sombra
Sentimo-nos ao outro
Corpo de homem no de mulher
Passamos noites de amor
Vimos ambos alvorecer
Nos teus olhos via o Sol
Da minha vida futura
Dessa vida de amor efémero
Em permanente aventura
Hoje somos maiores
Grandes no nosso amor
Empresta-me sempre a tua sombra
Abriga-me no teu calor.

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Nunca mais.*

"Amor igual ao teu.
Que não se mede.
Que não se pede.
Que não se repete
Que eu * terei
Amor.
Amor igual ao teu
Amor que eu * vi igual
Que eu * verei"
(nando reis, marisa monte)

domingo, 17 de agosto de 2008

E a vida permitiu que fosse assim.


Hoje é o SEU dia,
e quantos desses já nao passamos juntas?
irmãs, foi assim que escolhemos, e é assim que vai ser.
Não importa.

Por nao estarem distraídos.



(Clarice Lispector)

Havia a levíssima embriaguez de andarem juntos, a alegria como quando se sente a garganta um pouco seca e vê que por admiração se estava de boca entreaberta: eles respiravam de antemão o ar que estava à frente, e ter esta sede era a própia água deles. Andavam por ruas e ruas falando e rindo, falavam e riam para dar matéria e peso à levíssima embriaguez que era a alegria da sede deles. Por causa de carros e pessoas, às vezes eles se tocavam, e ao toque - a sede é a graça, mas as águas são uma beleza de escuras - e ao toque brilhava o brilho da água deles, a boca ficando um pouco mais seca de admiração. Como eles admiravam estarem juntos!
Até que tudo se transformou em não. Tudo se transformou em não quando eles quiseram essa mesma alegria deles. Então a grande dança dos erros. O cerimonial das palavras descartadas. Ele procurava e não via, ela não via que ele não vira, ela que estava ali, no entanto. No entanto ele que estava ali. Tudo errou, e havia a grande poeira das ruas, e quanto mais erravam, mais com aspereza queriam, sem um sorriso. Tudo só porque tinham prestado atenção só porque não estavam bastante distraídos. Só porque de súbito exigentes e duros, quiseram ter o que já tinham. Foram então aprender que, não estando distraídos, o telefone não toca, e é preciso sair de casa para que uma carta chegue, e quando o telefone finalmente toca, o deserto da espera já cortou os fios. Tudo, tudo por não estarem distraídos.

Será um Atalho, ou Desvio?!


Sabe meu caro amigo...
Não estou triste nem infeliz...
Não culpo o destino...
Ele só não quis...
O que pensei estar escritos nas estrelas...
Com tinta e protegido por verniz...
Estava escrito com giz...
E quando vento soprou mais forte...
Nada deixou...
(Fernando Amaral)

O pensamento que consome


Antigamente minhas palavras corriam rapidamente.Elas escorriam entre os meus dedos, em uma especie de vulto, desaparecendo em uma velocidade surpeendente, fazendo perder o sentido,o significado,a leveza.
Hoje o pensamento é pesado, apertado, expremido.
A preguiça me limitou á escrever belas palavras, me deixou a esquecer belas histórias, me levou a comodidade, a estagnição.
É como sentir os momentos passando,
E É como deixar passar.
Aí esta a diferença entre o passado e presente:
As Palavras.
Tinham de ser curtas.
Com muitos pontos.
Interrompidas.
Direcionadas. E tinha quem o fizesse.
O pensamento.
Esses não possuem formulas, bulas, modo de usar, pensar...
Não possuem controle,interrupção.
Eles correm.
São sinceros,puros,belos e secretos.
Assim.
Pelo simples fato de serem só nossos.

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

o olhar


" ...e ela cada vez maior, vacilante, túmida, gigantescase conseguisse chegar mais perto de si mesma, ver-se-ia inda maior...e em cada olho podia-se-lhe mergulhar dentro e nadar sem saber que era um olho..."

quarta-feira, 6 de agosto de 2008

Por que te Quero?


Talvez eu te queira, apenas pelas suas palavras.
Talvez eu te queira, pelo simples conforto que o amor me traz.
Pelas fantasias. Pelos desejos. Pelos sonhos.
Talvez eu te queira, pois é quando estou contigo que meus lábios são completos, que beijam que sorriem por momentos raros, simples.
Talvez eu te queira...
Mas talvez...
Talvez não.
Talvez eu não queira ser aquela que irá mudar sua vida.
Talvez eu não queira que você seja aquele que mude o rumo da minha.