domingo, 28 de setembro de 2008

walk on

"You've got to leave it behind:All that you fashion,All that you make,All that you build,All that you break,All that you measure,All that you feel,All this you can leave behind,All that you reason, it's only time.And I'll never fill up all I find,All that you sense,All that you scheme,All you dress-up,All that you've seen,All you create,All that you wreck,All that you hate..."

sábado, 27 de setembro de 2008

Menina Lua-Menino Mar - Por José Augusto de Aguiar


"... Ela adorava olhar a lua namorar o mar e nessa noite eu acordei de repente, cheguei perto dela de mansinho e vi vovó chorando

Perguntei porquê, ela virou, deu um sorriso lindo e me mostrou: "olha ali, Tátaca, assim que ela me chamava, olha os braços da Lua abraçando o mar"... Sei lá, professor, pra Ciência podia ser só o reflexo da Lua caindo no oceano, mas pra vovó e pra mim foi como se um amor impossível estivesse acontecendo de verdade.
Tábata olhou então pra Surfinho e repetiu - De verdade. E então ele soube tudo. E sorriu então pra ela como só tinha feito nas vezes em que pegara as melhores ondas da sua vida.

Alguns dias depois, Tatá e Surfinho subiram na pedra mais alta para escutarem e sentirem juntos a mais bela canção: o barulho das ondas quebrando nas pedras e da lua cheia salpicando o mar com seus braços prateados.
Assim começou o namoro mais incrível que se tem notícia: da menina que é delicada, sensível, que olha e escuta como a lua, com o menino que tem o coração e a alegria de viver infinita como o mar."

Faz parte do meu show.


Maquiagem


"Por favor. Se você tem um pouco de tinta, me empresta? Pode ser tinta a óleo, esmalte, epóxi, tanto faz. Até de aquarela pode ser. Só queria um pouco da tinta emprestada, pra eu poder colorir. Não sei pintar direito, mas improviso, eu dou um jeito. Porque do jeito que está não dá mais! As paredes até que estão bonitas, quem olha não reclama. Mas o interior está todo descascado, tem rachaduras por todo o canto. Dá para ver o bolor que já está se formando e corre de cima para baixo. Tem cupim no rodapé, e traças na parede. Me empresta a tinta para eu pintar? Pode ser tinta a óleo, esmalte, epóxi, tanto faz. Até de aquarela pode ser. Quem sabe eu arrisque uns desenhos, sei lá. Eu conheço algumas pessoas que sabem pintar. Já avisei a elas que deixo a porta aberta, se quiserem ajudar. Não, melhor. Que batam na porta e eu deixo entrar. Engraçado. A casa dos outros eu sei pintar. Mas na minha própria eu deixo acinzentar. Por fora não, por fora eu sei cuidar. Então me empresta um pouco de tinta? Senão daqui a pouco nem eu quero entrar."
Marcel

Alerta.

"Quando encontrar alguém e esse alguém fizer seu coração parar de funcionar por alguns segundos, preste atenção: pode ser a pessoa mais importante da sua vida. Se os olhares se cruzarem e neste momento, houver o mesmo brilho intenso entre eles, fique alerta: pode ser a pessoa que você está esperando desde o dia em que nasceu. Se o toque dos lábios for intenso, se o beijo for apaixonante, e os olhos se encherem d'água, neste momento perceba: existe algo mágico entre vocês. Se o primeiro e último pensamento do seu dia for essa pessoa, se a vontade de ficar juntos chegar a apertar seu coração, agradeça: Deus te mandou um presente: o amor. Por isso, preste atenção nos sinais - não deixe que as loucuras do dia-a-dia o deixem cego para a melhor coisa da vida: o amor."

Carlos Drummond de Andrade.

Meu Guri





'Quando nasci o espelho estava trincado. “É prematuro”, todos diziam. Cresci me sentindo diferente. Na escola, aprendi escrever com a mão esquerda. A professora dizia que eu era como “Carlos, gauche na vida”. Muitas vezes pensei que esse Carlos era o pai que não conheci. Nunca entendi. Larguei a escola.
Não foi a única coisa que abandonei. Saí de casa aos 14. Não suportava os pedidos choramingados de minha mãe. Até era uma boa pessoa, mas pegava demais no meu pé. Decidi me fazer sozinho.
Rondei muito tempo por aí. Parei porque estou nesse cubículo quatro por quatro. Por um tempo achei que seria notícia de jornal. Nunca saiu nada, nenhuma linha. Também não fiz nada tão importante assim. Coisas da vida.
Ela foi a única que tentou me visitar aqui. Não deixei. Não é lugar para ela. Mesmo sabendo que ela estava com uma baita pizza quatro queijos que fazia minha boca salivar só de pensar não deixei. Sou orgulhoso, sempre fui.
Tenho 21. Não sei por quanto tempo vou ficar. Nem tenho pressa. Nada me espera lá fora. Acho que nem ela. Se nasci antes da hora, agora sei que a hora nunca foi certa pra mim. Prefiro ficar aqui, deixa o tempo passar.
Pediram para eu escrever sobre a minha vida. Não há nada tão interessante para ser contado. Na verdade, lembro de muito pouco. Minha memória nunca foi das melhores. Diziam que era por falta de ferro. Também nunca entendi porque o que a minha mãe mais fazia era me bater quando eu esquecia a tabuada. Ela batia, eu corria, e era sempre assim. Fiquei rápido.
Mas ainda não o suficiente. Foi o que senti quando me pegaram. Achei que escaparia mais uma vez. Mas não consegui, me pegaram de jeito. Mais uma vez apanhei bastante. Não me importo. Sempre apanhei e nunca derramei uma lágrima. Já disse… sou orgulhoso.
Escrever sobre o que eu quero da vida? Não sei. Já disse que não espero muita coisa. Acho que ela também não espera muito de mim.

Bell Gama 23/06/2008"

DESDE QUANDO?


é de voce que falo,
das antigas atitudes, das antigas palavras,antigos abraços.
é da venda que coloco em meus olhos,que faço questão que lembre.
é sobre aquilo que escolheu, á dedo,que eu enxergasse.
Será que desde o principio.Te pergunto. Sempre foi assim?
Poucas pessoas me olharam daquele modo,
e aí, é sobre o reflexo de dentro dos seus olhos que falo,
é sobre os raios que, de tão fortes me lembravam o sol em tons esverdiados pincelados,castanhos.
e que faziam engolir seco, mas acima de tudo, me engoliam
pediam aprovação, conforto, carinho,e desculpas...
Viro e reviro, esforço-me de verdade, para lembrar de quantas vezes, senti queimando os meus
olhos, os teus.
Mas só consigo encontrar, três.
Tres sinceros. Três olhares.
Mas.
Te pergunto. Sempre foi assim?